quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Entre Loucos e Rosas

Quando estava nos Estados Unidos, em intercâmbio, ele entrou em uma discussão com um sul-africano que não andava de ônibus porque queria se afastar dos “sujos”. Deu uma aula sobre Apartheid. No bairro em que cresceu brincando na rua, costumava liderar os amigos impondo jogos criativos e inusitados - mas nunca deixava de trajar sapatos ou camisa. Hoje, aos 24 anos, gosta de literatura, cinema, queijo, do cheiro do carpete no corredor da diretoria do jornal e da cor vermelha, embora se vista em tons sóbrios. Nasceu no antepenúltimo dia de Touro. Relê Dom Casmurro com freqüência e se aventura por romances fantasiosos. “Quem lê Tolkien nunca mais vai gostar de Rowling.”

Para assistir às aulas, costuma cruzar a perna direita sobre a esquerda e descansar as mãos sobre o colo. Dificilmente faz perguntas mas quando estas surgem, prefere indagações afirmativas. “Seguindo essa idéia de contradição, posso escrever um texto também por ordem decrescente, do mais fraco para o mais forte, não é?”

O sorriso vem fácil e costuma ser sincero. Suas covas se delineiam, marcando os lábios como uma moldura. Gesticula com freqüência ao expor idéias e as sobrancelhas se fecham quando precisa explicar algum conceito muito abstrato: “O amor, para mim, não é único. Possui níveis diferentes, assim como o ódio", explica, enquanto as mãos se movimentam em círculos para cima e para baixo, dando idéia do desenrolar do pensamento. "Também acho possível amar e odiar uma mesma pessoa em diferentes gradações”, afirma, enquanto deixa que suas mãos caiam sobre o colo, rendidas pela explanação.

Frederico Franz é austero com valores. Nunca adia um compromisso por uma distração fortuita. Característica esta, aliás, herdada da mãe – professora primária que o ensinou a ler antes de ter idade para ir à escola. Sereno assim como o pai, este jovem jornalista especialista em filosofia das religiões tem como porto seguro o lar em que cresceu em Minas Gerais, na cidade dos loucos e das rosas. “Quando quero ir para casa, é pra lá que me refiro: a minha casa em Barbacena.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário