quarta-feira, 12 de novembro de 2008

As cores de Shirts

O californiano brasilianista Mathew Shirts, editor da National Geografic Brasil e colunista de O Estado de S. Paulo, tem a receita para um jornalismo melhor: humor. “Temos que reinventar uma maneira de mostrar que o aquecimento vai acabar com o Pantanal, por exemplo, que aquela beleza vai secar e não vai restar nada. Mas esta visão alarmista não seduz ninguém. Somos nós que temos que conquistar o leitor”, ensinou.

Para ele, só assim se convence alguém a pagar 15 reais na edição mensal da National. Eu acrescentaria que, somente assim se convence qualquer pessoa a ler sobre qualquer assunto. Lição aprendida que ainda não sei aplicar.

Se o Jornalismo é sedução, e não apenas técnica ou informação; e se os jornalistas devem sempre se portar de maneira discreta, como aconselhou Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson Center e jornalista desde 1968, então a profissão carrega em si uma contradição nata: nenhum pavão seduz sem penas coloridas – que não precisam, necessariamente, estarem à vista. É melhor estarem nas vistas, no modo de olhar a vida e interpretar os fatos.

O que me lembra uma conversa à mesa do restaurante Jacobina, em Curitiba, com Norma Muller. Amiga há anos e crítica incontestável da vida, da mídia e de assuntos diversos (suas penas coloridas possuem matizes próprios), Norma disparou, entre uma tragada e outra de Lucky Strike: “Acho um saco esse jornal e esses jornalistas, que só escrevem para eles mesmos, não me dizem nada, não me informam nada e ainda acham que a culpa é minha. Bando de gente chata.” Perhaps.

Nenhum comentário:

Postar um comentário