segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Observação

O Curso de Jornalismo do Estadão propõe alguns exercícios de memorização e ambientação. O primeiro que redigi está logo abaixo. A jornalista Carla Miranda, editora do caderno de Viagens d'O Estado de S. Paulo, está com a XIX Turma de Jornalismo Aplicado dando o módulo de "Edição". Para ter um texto a trabalhar, ela pediu que descrevêssemos a redação, visitada dias antes. Detalhe: quando por lá estivemos, não sabíamos da necessidade de fazer a descrição, ou seja, ninguém anotou nada. Tínhamos 30 minutos para escrever 30 linhas sobre a nossa visita. Não valia textos pessoais.
Na próxima aula, marcada para essa semana, ela irá projetar os textos e destacar o que poderia ser editado, suprido, esqucido, apagado para sempre da sua breve vida de profissional da imprensa.
Tentei e saiu isso aí:
A redação do primeiro grande jornal brasileiro a aposentar a máquina de escrever possui, hoje, cerca de 400 computadores separados em duas grandes alas em que trabalham os jornalistas responsáveis pelas edições diárias e pelos cadernos especiais de O Estado de S. Paulo. O ambiente possui iluminação fria, cadeiras e mesas em tom verde-água que dão uma sensação de calmaria em um espaço tradicionalmente ligado à pressa no apuro das informações.

Em um dos prédios da empresa, a redação fica no sexto andar. Ao sair do elevador, um hall ostenta quadros dos fundadores do Estadão e uma bandeira do Estado de São Paulo doada por estudantes de direito. O corredor que une o hall à redação é, na verdade, uma passarela entre dois prédios, em que há retratos de grandes jornalistas que passaram pelo grupo – entre eles, Euclides da Cunha. Ao fim dessa passarela, chega-se à redação. Do lado direito ficam os jornalistas responsáveis pela edição diária. Do lado esquerdo, os responsáveis pelos cadernos especiais.

São nas mesas desse segundo grupo em que estão os elementos mais pessoais que caracterizam a personalidade de quem tecla naquele computador. A pluralidade do jornal pode ser atestada na mesa de uma profissional que, de tantos penduricalhos, porta-retratos e peças em miniaturas, mal deixa sobrar espaço para a leitura de qualquer material de apoio. Em outra mesa, uma coleção de pequenas edições de guias indica uma possível característica mais introspectiva daquele profissional.

Referências pessoais daqueles que compõem textos para todo o Brasil. Ao fim dessa ala fica a jornalista Cecília Thompson. Com mais de 50 anos de jornalismo, ela é uma das poucas profissionais antigas do Estadão que ainda está na redação. Em sua mesa, as fotos antigas são referências a uma vida repleta de boas histórias para contar.

Ao passar de uma ala a outra, fotos distribuídas na parede não deixam que novos profissionais – e antigos – se esqueçam de todas as transformações vividas naquele espaço. Vladimir Herzog e um jovem Ricardo Godoy estão entre os personagens dessas imagens. Se antes era comum fumar nas redações, conforme demonstram as fotografias, hoje o espaço para quem tem esse hábito fica em uma sala anexa à redação; ambiente que, nem por isso, deixa de ser agradável e de possibilitar trocas entre profissionais de diferentes editorias.

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